O PÚBLICO

Hoje de manhã
terminamos nosso primeiro corrido dos Bandidos
quando os passarinhos começavam a cantar.
Foi nossa primeira travessia da peça toda,
nessa reinvenção de 2008.
Ano passado em Manheim comemos muita bola,
só pode ter sido isso,
pois a peça agora está se agigantando,
está viciante.
No trabalho de Te-Ato com o Bixigão,
ontem de tarde,
combinamos que
quem quisesse vir ao ensaio
seria bem vindo
desde que encarasse a travessia toda,
que seria longa
e obscura em algumas partes.
Público ativo que topasse revelar com os atuadores do elenco,
da luz, do vídeo, do som, da música
essa trama tão cheia de texto, subtexto, inspirações…
Chegaram animados, como pra um programa de sábado à noite,
e quase nenhum aguentou até o fim de nossas 7h de ensaio.
Os alemães também foram embora antes da destrama da trama…

O público.

Os Bandidos é pra todo mundo!
Vamos ter cadeiras confortáveis (mais caras)
pra quem tem medo do desconforto ativo de Lina Bardi
e que é muito bem vindo;
aqueles preços todos pra quem
ao teatro já vem:
inteira,
meia pra estudante, professor, aposentado
5 reais pra quem mora no Bixiga;
e os ingressos pra quem não vem,
quem nem 10 tem
nem 5 também
e que não precisa só da entrada livre,
mas de um trabalho nosso de articulação
– as pessoas do chamado 3º setor.

O ardor irresistível de Schiller
será oferecido em comida pra quem tem fome
e pronto.

Pra todo dia
nossa travessia
ser redescoberta.