domingo, 14 de setembro de 2008

Delírios dos superobjetivos e os séculos de couraças coletivas

Ontem terminamos a primeira fase de ensaios técnicos pré-Porto Alegre.
Os Bandidos é um trabalho de terreiro eletrônico.
Com necessidade de todos,
todos os presentes no espaço, estarem plugados pela COISA.
Estamos com mais equipamentos
e a peça pede uma protagonização da tecnologia.
Vídeo som e luz são personagens atuantes,
elementos presentes como jogadores em posição chave.
Mas a liga é realizada pelo roteiro e pelas re–significações que Schiller exige.
Nos ensaios apareceram impasses
que são fruto das couraças de nosso inconsciente.
Como iluminar uma cena em que o Bando de Bandidos está presente?
Eles ficam com menos luz do que os “protagonistas”?
Focar em quem está falando?
Quem não tem texto não age?
É claro que existem situações cênicas,
em que precisamos destacar determinadas ações de alguns personagens,
e que por isso, outros, nesses momentos, ficam no escuro…
E nosso material de divulgação como programas, folders, flyers…
Que imagens devem ter destaque?
Novamente vem a pergunta: devemos focar mais nos “protagonistas”?
Quem são os protagonistas?
A peça também trata dessa questão:
os holofotes da mídia estão voltados pra celebridades,
que na maior parte do tempo não atuam coralmente com as multidões.
Multidões não agem.
Multidões consomem.
Consomem não só produtos das mais diversas categorias,
mas também comportamento,
consciência,
atitudes,
morais…
Que fazer?
Como atuar artísticamente?
Ontem demos uma entrevista pra Folha de São Paulo sobre esse trabalho.
Era uma coletiva ao inverso:
um jornalista
um coro de entrevistados.
Ele perguntou porque fazer essa peça no cinquentenário do Oficina.
A resposta deve ser dada por cada atuador presente no ensaio,
e ela pode mudar a cada descoberta nesse processo.
Todos podem pensar sobre isso, independente da função, idade, experiência…
Novamente a pergunta: quem são os protagonistas do trabalho?
Estamos divididos em castas?
Quem está embaixo ou em cima da pirâmide?
Tá na hora de acordar, e se auto-coroar.
É preciso estar ligado!

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